As cidades inteligentes e o futuro da construção civil

No imaginário de muitas pessoas, quando o assunto é o futuro, e o tema “cidades inteligentes” entra em debate, logo vem à mente a imagem da Orbit City, a cidade dos Jetsons (desenho animado dos anos 1960 que retratava como seria a vida em 2062).
Com prédios no estilo Googie (um movimento da arquitetura futurista), a série mostrava como a tecnologia presente nos apartamentos, nas casas, nas escolas e nos escritórios iria moldar a vida dos cidadãos desse novo tempo.
É verdade que ainda falta muito para 2062, mas o que o momento atual indica é que, ao invés de edifícios suspensos e carros voadores, como na Orbit City, a cidade do futuro será centrada na conexão entre estruturas e habitantes.
Afinal, o avanço de tecnologias como big data, mobile e internet das coisas têm impulsionado o surgimento das cidades inteligentes, projetos urbanos que conectam moradores, infraestruturas e construções para tornar as cidades mais integradas, sustentáveis e eficientes.
O que são cidades inteligentes
O impacto da internet das coisas na construção civil já foi tema de artigo por aqui. Recentemente, apresentamos o The Edge (um dos prédios mais sustentáveis do mundo) e mostramos que o edifício possui sensores que captam informações dos diferentes ambientes, o que permite administrar a energia gerada dentro da própria estrutura e adaptar a iluminação e a ventilação do ar de acordo com o uso interno.
Agora, imagine esse mesmo conceito aplicado em um conjunto de construções, onde os sensores de prédios, casas e estruturas interagem entre si, fornecendo dados estratégicos que ajudam a otimizar a utilização de recursos naquele local e oferecendo informações que facilitam e melhoram a vida das pessoas daquela região.
As cidades inteligentes funcionam assim! Assim como os smartphones, as smart cities possuem funcionalidades e aplicações que conectam os usuários a uma série de informações e serviços.
“Cidades inteligentes utilizam dados e tecnologias digitais para aumentar a qualidade de vida, ajudando os gestores e a população a tomarem decisões melhores. Informações precisas e em tempo real indicam padrões de comportamento e mudanças na cidade, possibilitando ações rápidas para solucionar problemas que afetam os moradores e aumentar a eficiência no uso de recursos.”
É assim que a consultoria McKinsey, que desenvolveu um estudo global para entender melhor esse movimento, define esta tendência. O que deixa claro que para construir uma cidade smart não basta “apenas” instalar sensores e softwares; é preciso utilizar a tecnologia para aprimorar a vida urbana e o uso de recursos.
Benefícios das cidades inteligentes
De acordo com o levantamento da McKinsey, as funcionalidades das cidades inteligentes podem ajudar a combater problemas urbanos como tráfego, poluição e criminalidade. Analisando diferentes aplicações utilizadas em cidades inteligentes ao redor do globo, a consultoria descobriu que:
– Em uma cidade de cinco milhões de habitantes, o uso de aplicações inteligentes pode salvar de 30 a 300 vidas por ano.
– As cidades inteligentes podem ajudar as pessoas a economizarem de 15 a 30 minutos em suas jornadas diárias para o trabalho.
– Outro benefício das cidades inteligentes é a redução de 30 a 40% no índice de criminalidade.
– Além disso, esses sensores urbanos também podem auxiliar a melhorar a saúde da população, diminuir a emissão de carbonos e aumentar a velocidade de resposta em situações de emergência.
– Por fim, os aplicativos conectados na cidade inteligente fazem com que os habitantes se sintam mais próximos de suas comunidades.
Um exemplo de cidade inteligente no Brasil
A primeira cidade inteligente social do mundo está sendo construída no Brasil. O empreendimento Smart City Laguna, localizado em São Gonçalo do Amarante (CE), contempla mais de 7 mil unidades conectadas por sensores e aplicativos que têm como foco principal otimizar o uso de recursos, tornando a cidade mais sustentável e acessível e melhorando a qualidade de vida dos moradores.
Reflexões sobre a construção civil e as cidades inteligentes
Tudo isso nos faz concluir que, em breve, a forma de desenvolver projetos imobiliários deverá ser repensada.
Afinal, assim como a conexão dos empreendimentos com as redes elétrica e de água e esgoto é algo natural e obrigatório atualmente, daqui alguns anos, pode ser que todo projeto de construção civil precise levar em conta a integração com a rede de informação local.
Até porque, segundo o Fórum Econômico Mundial, até 2020 mais de 50 bilhões de objetos estarão conectados à internet. Como resultado, teremos uma imensidão de dados disponíveis, e esses dados poderão ser utilizados no desenvolvimento de projetos imobiliários e de infraestrutura com foco em otimizar a vida urbana e resolver problemas relacionados ao desenvolvimento sustentável do planeta.
Definitivamente, este é um cenário que sugere grandes oportunidades para o mercado de engenharia e construção, que terá um papel crucial no desenvolvimento das cidades inteligentes.
Ao mesmo tempo, porém, essa movimentação também representa grandes desafios para o setor – que é conhecido por ser mais lento na adoção de tecnologias. Cada vez mais as organizações e os profissionais de engenharia e construção precisarão se adaptar às transformações digitais, adotando sistemas como o BIM para utilizar as informações dos projetos de maneira estratégica e integrada.
FONTE:
Texto e foto:Equipe Celere - (https://celere-ce.com.br/construcao-civil/cidades-inteligentes-e-o-futuro-da-construcao-civil/)