O papel da Engenharia nas Eleições

No próximo domingo (2), os brasileiros irão a suas respectivas zonas eleitorais para eleger os próximos representantes do cenário político. De modo geral, cada país é conhecido por ter o seu próprio método de votação que considera mais democrático e seguro para garantir a sua eleição. Aqui no Brasil, esse método é realizado por meio da urna eletrônica, mas você sabia que há uma relação entre esta tecnologia e o mundo das Engenharias?

Isso se deve ao fato da popular urna eletrônica ter sido desenvolvida por um grupo de engenheiros, mais especificamente uma equipe ligada ao Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A tecnologia que até então era uma novidade na época, foi projetada na década de 90, mais precisamente no ano de 1995, com seu primeiro uso nas eleições municipais de 1996.

A ideia de se criar um dispositivo que otimizaria o processo de eleição veio de um pedido do então ministro Carlos Mário da Silva Velloso, Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e também ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na década de 90. Carlos Velloso tinha o desejo que fraudes em eleições passadas, seja por voto de cabresto, ou por falha humana, fossem extintos, sendo assim, ele designou essa tarefa a uma equipe de engenheiros constituída por Mauro Hashioka (INPE), Paulo Nakaya (INPE), Antonio Esio Salgado (INPE), Oswaldo Catsumi (CTA), Miguel Adrian Carretero (INPE), dentre outros profissionais que foram responsáveis pelo desenvolvimento da urna eletrônica, na época intitulada coletor eletrônico de votos(CEV). Um fato curioso foi o nome dado à equipe de engenheiros: os “ninjas”, como eram conhecidos, se tornou um apelido dado a equipe de desenvolvimento que continha a maioria de integrantes de ascendência japonesa. Com a equipe de ninjas empenhada em solucionar os problemas de eleições passadas, o processo de desenvolvimento da urna visava resolver dois problemas principais: o tempo na apuração e a segurança do que era auditado. No contexto da época, o meio de votação era feito por meio de urnas de lona, que eram lacradas com os depósitos de votos feitos em cédulas. Este método, utilizado no Brasil por mais de 40 anos era considerado de fácil transporte, porém, sendo passível de violação na hora de auditar os votos. 

Os engenheiros eletrônicos responsáveis pelo projeto criaram então o microcomputador de uso específico para eleições, sendo um dispositivo resistente, de pequenas dimensões, leve, exatamente como o que você pode ver nos dias de votação atuais. A urna recebeu upgrades de autonomia de energia e recursos de segurança, embora ela seja eletrônica, funciona de forma isolada, não possuindo nenhum mecanismo que possibilite sua conexão a redes de computadores como a Internet.

Para você ter uma ideia, desde a primeira utilização da urna eletrônica até os dias atuais, o microcomputador já teve outras 12 versões. O primeiro modelo foi denominado como UE96 e atualmente se encontra no modelo UE 2020. Para as eleições deste ano os modelos utilizados serão desde os UE2009, até os UE2020. Para saber mais sobre as características de cada modelo de urna clique aqui.

A urna eletrônica caminha para o seu 26º aniversário e já esteve presente em 13 eleições, entre municipais e presidenciais (sem contar os segundos turnos de votação). A primeira eleição a utilizá-las contou com 70 mil unidades direcionadas a 57 cidades, mas, com o aumento da população brasileira e a garantia do direito a voto, para as eleições de 2022 o TSE irá disponibilizar 577 mil urnas eletrônicas, todas preparadas para atender pessoas com deficiência visual, auditiva e analfabetos, garantindo a inclusão de todos na votação.

Urna eletrônica

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Fontes: TSE; Desisformante