The Good Bottle - 1º garrafa 100% compostável

The Good Bottle é uma garrafa made in Portugal, que se apresenta como a primeira 100% compostável e de degradação rápida. Na sua composição, a garrafa tem uma base polimérica compostável em ambiente doméstico e, conta também com algas que, durante a sua degradação, poderão servir de alimento a espécies marinhas.

Esta garrafa pioneira vai ser utilizada, pela primeira vez, para engarrafar água Monchique, a marca que procura encontrar a abordagem industrial ideal para transformar o novo material, num produto que possa ser comercializado.

De acordo com a Sociedade da Água de Monchique, a The Good Bottle tem uma taxa de biodegradabilidade de 74%, ao final de 45 dias e em condições de compostagem controlada e, de 90% até 12 meses, variando consoante a exposição a diferentes condições. Para além da garrafa, a tampa também é produzida pelos mesmos materiais e biodegradável após a utilização.

 

Projeto revolucionário resulta na primeira garrafa 100% compostável

O projeto ecofriendly promete revolucionar a indústria e a equipa envolvida na parceria entre a The Good Bottle e a Sociedade da Água de Monchique acredita que o seu resultado vai contribuir para mudar o paradigma da embalagem e ajudar a tornar o mundo melhor.

O trabalho resulta do protocolo iniciado em 2018, entre a Mirpuri Foundation e a Interface Fibrenamics da Universidade do Minho, com o intuito da construção conjunta de um programa de investigação e desenvolvimento, cujos objetivos se focam na criação de alternativas sustentáveis à utilização em massa de embalagens de plástico. Nesse seguimento, um grupo de cientistas da Universidade do Minho elaborou um protótipo de embalagens 100% biodegradáveis e compostáveis, substituindo as opções descartáveis e com longos períodos de decomposição.

No âmbito do projeto foi ainda efetuado um estudo de avaliação da toxicidade aguda em ambiente marinho com peixes-zebra, utilizando o material da The Good Bottle, o qual registou ótimos resultados em comparação com os registados com polímeros convencionais. A composição da base do material e o seu contacto permanente com a água originam a sua hidrólise.

Os resultados deste estudo revelam que, num horizonte temporal curto, se verifica uma enorme vantagem para a conservação dos oceanos. Neste sentido, todo o projeto que conduziu à criação da The Good Bottle, surge pela necessidade emergente de desenvolvimento de novas soluções sustentáveis para o futuro.

 

The Good Bottle servirá de alimento, caso vá parar ao oceano

Como o seu descarte no fundo do mar é ainda considerado uma possibilidade, tal como acontece com as demais garrafas de água, foi incorporada na sua composição uma mistura de amido, criada a partir de resíduos alimentares como algas. Assim, no caso de estas garrafas serem depositadas nos oceanos erradamente, as partículas de algas são libertadas durante o seu processo de decomposição e podem funcionar como alimento para as espécies marinhas.

O design do produto foi inspirado em elementos naturais dos oceanos, como os corais, precisamente devido à procura de uma resolução dos efeitos tóxicos da degradação de plásticos em micropartículas nos oceanos.

O seu descarte correto passa pelo lixo orgânico ou, se possível, por um compostor doméstico. Neste caso não deve ter como destino o ecoponto amarelo, onde são depositadas as embalagens de plástico, os pacotes de bebidas, latas e sacos de plástico. A compostagem doméstica vai acelerar o processo de degradação do polímero sintetizado a partir de resíduos alimentares. 

 

Tendência para o aumento da produção de biopolímeros

A garrafa portuguesa ainda é um protótipo, mas já foi oficialmente apresentada na primeira edição da The Ocean Race Europe, a prova de circum-navegação por equipas em barcos à vela, que passou por Cascais e que teve como vencedora uma equipa portuguesa.

Embora já se verifique uma boa percentagem da reciclagem de resíduos como o plástico, estudos elaborados nas últimas cinco décadas indicam que o consumo de plástico está em constante crescimento, estimando-se que em todo o mundo se produzam cerca de 400 milhões de toneladas deste polímero anualmente e, de acordo com a ONU, este constitui o maior desafio ambiental do século XXI.

Neste momento, a produção de biopolímeros ainda não consegue ser competitiva em comparação com a síntese de polímeros convencionais obtidos a partir de combustíveis fósseis, pelo que é preciso matéria-prima disponível e que existam entidades e parceiros dispostos a escalar os processos de síntese de materiais poliméricos a partir de materiais naturais, resíduos alimentares e outros do género.

Numa entrevista dada à RTP, o Professor Raul Fangueiro, coordenador da investigação na Universidade do Minho, explica que existem vários projetos em todo o mundo, na tentativa de substituir o plástico por um composto mais amigo do ambiente. A The Good Bottle surge como mais uma aproximação nesse sentido, com a vantagem de ter sido convertida num produto consumível e que vai ser colocado no mercado.

Esta é uma iniciativa pioneira e inovadora que pretende inspirar os demais setores da indústria a oferecerem escolhas cada vez mais responsáveis aos consumidores.

 

Texto: Catarina Fernandes (National Geographic - https://www.natgeo.pt/meio-ambiente/2021/09/the-good-bottle-a-primeira-garrafa-100-compostavel-feita-em-portugal )

Foto: instagram @aguamonchique